Aos 39

Ando correndo atrás do tempo...

Prá não perder a hora
E conservar o viço
Prá não ficar de fora

Ando correndo atrás do novo...

Reinventar a roda
E não perder o passo
Prá não sair de moda

Ando correndo atrás do belo...

Prá esquecer o feio
Ou encontrar por fora
A beleza oculta no meio

Ando correndo atrás das perdas...

E ao recuperar as horas
Poder encontrar no novo
O belo que foi embora.

Em busca do superficial

Preciso ser menos criteriosa.
Avaliar as coisas, pessoas e até a vida com mais superficialidade, afinal, nada visto de perto vale sequer um olhar.
Nada, analisado com mais atenção e minúcia, merece admiração.

Porque tenho visto tudo tão medíocre, é que preciso criar uma névoa sobre minha visão de mundo.
Um véu que não me permita nada além de vultos, formas e carcaças.

E tudo então se tornará mais belo. Ao menos aceitável.

A superficialidade das coisas talvez me faça feliz.

p.s.: superficialmente, li este texto e o postei.

Só riso

Por trás de um belo
De um largo sorriso
Há sempre o segredo
O medo inseguro de não ser
De não ter o dom de brilhar
Nos olhos do espectador.
Enigma de Monalisa
Pintado no palhaço
Flutuante
sem Gato de Alice
Esconde
Ao se revelar
O sonho de um dia
Só riso
Ser
Só riso
Guardar.

Filosofia Pinocchiana

O que há de lindo, terno e confortante na verdade ?
Sempre tão implacável, a verdade é fria, impiedosa.
O rolo compressor das nossas ilusões.

Não, não acredito nela e sequer creio que ela exista.

Eu, humana, sensível, cheia de sonhos e esperanças, prefiro a mentira.
Às vezes, na vida, ela é tudo de que precisamos.

Ah! Quanta felicidade há numa boa e convincente mentira!
Não questiono nem discuto com ela. Apenas aceito, feliz.

Para quê buscar verdade onde certamente há?

Não!
Não me sinto pronta para ela. É cruel demais para mim neste momento.

Escolho ficar onde estou.
Feliz, plena, envolta por alegres e belas mentiras.

Esta é a minha verdade.
Senão, mais uma conveniente mentira.